57ª ASSEMBLEIA PASTORAL REGIONAL DA CNBB NORDESTE 2
Crédito da foto - Rafael Augusto- Pascom Campina Grande e CNBB NE2
 

Após dois anos de restrições por conta da pandemia do COVID19, acontece de forma presencial a 57ª Assembleia de pastoral do Regional N2, momento que foi marcado pela felicidade do reencontro e o clima de oração. Entre os dias 27 à 29 de setembro no Convento Ipuarana, em Lagoa Seca(PB) sediou o encontro.


O bispo de Garanhuns (PE) e presidente da CNBB Nordeste 2, dom Paulo Jackson Nóbrega de Sousa, conduziu a Lectio divina a partir do lema desta edição “Basta-te a minha graça, pois é na fraqueza que a força se manifesta (2Cor 12,9)”.


“É uma alegria imensa nos reencontrarmos depois da labuta da pandemia, e nos reencontrarmos, sobretudo, para rezar. Está será uma assembleia marcada pela oração”, afirmou dom Paulo Jackson, ao dá boas vindas aos cerca de 150 participantes. O grupo é formado por membros do clero, religiosas e leigos e leigas das 21 dioceses presentes nos estados de Alagoas, da Paraíba, de Pernambuco e do Rio Grande do Norte.


O presidente do Regional dirigiu uma meditação a partir do contexto paulino apresentado no lema que norteia toda a Assembleia. Após a leitura e releitura do texto, como propõe o método da Lectio Divina, dom Paulo Jackson conduziu os participantes a uma reflexão bastante espiritual do tema, confrontando as fragilidades do Apóstolo Paulo e\r\nas as fraquezas de cada batizado na missão, junto com as consequências para a nação pastoral.


“E as nossas fraquezas? A fome, o abandono do nosso povo, o clericalismo, uma Igreja sem ardor missionário, a perda do sentido da vida, a perseguição na missão como na Nicarágua e outros tantos. Quais são as nossas fragilidades?”, questionou dom Paulo Jackson. Além de rezar, os participantes também partilharam de maneira espontânea as fraquezas vivenciadas principalmente no âmbito social.

 

O segundo dia da Assembleia dia (28), teve início das atividades com a celebração da missa em ação de graças pelos bispos que completaram 75 anos de vida.


Reunidos no entorno da mesa eucarística, os cerca de 130 participantes da 57ª Assembleia Pastoral Regional deram início ao segundo dia do evento, nesta quarta-feira\r\n(28). A Santa Missa foi celebrada na Capela Santo Antônio, no Convento Ipuarana, em Lagoa Seca (PB), pelo arcebispo de Olinda e Recife (PE), dom Fernando Saburido. Concelebraram o arcebispo de Natal (RN), dom Jaime Vieira Rocha, e os bispos de Afogados da Ingazeira (PE) e Mossoró (RN), dom Egídio Bisol e dom Mariano Manzana, respectivamente.

A liturgia foi um momento de ação de graças pelo dom da vida dos pastores que comemoram 75 anos em 2022. De acordo com o Código do Direito Canônico, a idade é o limite para que o bispo ou arcebispo apresente sua carta de renúncia ao Santo Padre, colocando à disposição sua função do episcopado como titular de uma diocese ou arquidiocese. Em caso de aceite pelo Pontífice, o pastor se torna emérito.


“Aqui estão os filhos de 1947. Para nós é uma alegria estarmos celebrando por esses anos de dedicação a Deus e, ao mesmo tempo, nos preparando para reforçar o time dos eméritos”, afirmou dom Saburido.

Em sua homilia, dom Jaime Vieira Rocha, também expressou gratidão a Deus pelos quatro terem sido “chamados, escolhidos e enviados para este ministério tão forte e especial na vida da Igreja”.


“Confesso que nesses 75 anos de vida para nós são tantas lembranças que é difícil destacar as mais importantes. O Evangelho de hoje vem nos lembrar que as vezes damos atenção a coisas não tão importantes. Certamente, o que fica para nossas vidas são os frutos e as tantas coisas positivas que Deus nos concedeu”, disse o arcebispo de Natal.


“Agradecemos tantos anos de serviço a Deus, à Igreja e aos irmãos\r\ne pedimos a graça de poder continuar a servir de outro modo, mas com o mesmo ardor e dedicação”, disse declarou dom Mariano Manzana.”

Após a missa aconteceu a primeira palestra com a temática: Fragilidades sociais e eclesiais são temas de debate na assembleia pastoral regional


“A palestra destacou alguns aspectos que dialogam com o tema geral desta 57ª edição do encontro: “Habitar a fragilidade como lugar teológico e pastoral”.


O conferencista foi o membro da Equipe de Análise de Conjuntura Eclesial da CNBB e integrante da Comissão Teológica do Conselho Episcopal Latino-Americano (Celam), padre Geraldo Luiz De Mori. O sacerdote, que também é doutor em teologia, professor e coordenador docente, discutiu cenários atuais e preocupantes da conjuntura brasileira como a fome, o desemprego, o aumento da degradação do meio ambiente e da violência.

Segundo o padre De Mori, a pandemia de covid-19, quando não matou, contribuiu para fragilizar pessoas no mundo inteiro, em particular em áreas mais empobrecidas como o Regional Nordeste 2 da CNBB. O território é formado pelos estados de Alagoas, da Paraíba, de Pernambuco e do Rio Grande do Norte.


“Estamos sentindo as sequelas ainda hoje, sobretudo, nas áreas da psicologia e psiquiatria. A pandemia também mudou muito o estilo de viver a espiritualidade, com a suspensão de atividades presenciais, mas ela também pode ser uma grande oportunidade de mudança de rota, de rumo, segundo o Papa Francisco”, afirmou o sacerdote.

 

A partir da análise conjuntural, o palestrante questionou aos cerca de 130 participantes da assembleia “Qual o lugar do indivíduo na sociedade contemporânea?” A partir dessa reflexão, padre De Mori lembrou a orientação do “cuidado com a Casa Comum”, proposta por Francisco na encíclica Laudato si’.


“Temos a fragilidade também da Casa Comum que é como um jardim. Deus plantou um jardim. O homem é guardião deste jardim. O que o jardineiro está fazendo? Está matando este jardim”, destacou o sacerdote.


Fragilidade eclesial e escuta sinodal

Suscitados na refletir sobre as realidades da sociedade, os participantes assistiram à segunda conferência que tratou do tema “Horizonte de fragilidade eclesial à luz da escuta sinodal”. O tema foi apresentado pelo padre Janilson Rolim, da Diocese de Cajazeiras (PB), e pelo bispo de Caicó (RN) e vice-presidente da CNBB NE2, dom Antônio Carlos Cruz Santos.

A partir de um levantamento com as quatro arquidioceses e 17 dioceses do Regional, os palestrantes colocaram em discussão na assembleia os pontos fortes\r\ne as maiores fragilidades de cada realidade eclesial no Nordeste 2.


Como fortalezas, apareceram os conselhos paroquiais ou diocesanos, que funcionam como espaços de construção importantes para a vida da Igreja. Também foram destacados os trabalhos das pequenas comunidades eclesiais e da Pastoral da Comunicação (Pascom).


Do ponto de vista das fragilidades, 11 dioceses apontaram a necessidade de uma melhor organização das celebrações. Já para 16 dioceses a falta do diálogo ecumênico traz prejuízos à caminhada da Igreja, enquanto 17 destacaram o acolhimento como um ponto fraco da ação eclesial em seus territórios.

 

Uma formação que leve em conta a fé na perspectiva de ocupar os espaços políticos para uma busca por uma sociedade mais justa e fraterna, é uma fragilidade presente em quatro dioceses da CNBB NE2. Pelo menos dez, indicaram a responsabilidade eclesial e a falta de cuidado com os pobres e com a Casa Comum. Já a fragilidade comum a todas as 21 dioceses do Regional, é o clericalismo.


“O que Deus quer nos ensinar a partir destas fragilidades?”, questionou dom Antônio Carlos. “É preciso buscar o discernimento, fazer obras de justiça solidária vendo nos pobres o Cristo pobre, praticar a misericórdia alegre e o amor por si mesmo, afinal somos criaturas de Deus e templo dele”, salientou o bispo.


A manhã foi concluída com um debate entre os participantes da assembleia, em vista à construção da Síntese – documento conclusivo da 57ª Assembleia Pastoral Regional, que deverá apresentar as diretrizes para a ação pastoral e missionária da Igreja, em 2023.


Fonte: CNBB NE2

https://cnbbne2.org.br/fragilidades-sociais-e-eclesiais-sao-tema-de-debate-na-assembleia-pastoral-regional/


 
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